Preços de cartões de pagamento roubados na dark web aumentaram até 444%, revela investigação da NordVPN
De acordo com uma investigação recente da NordVPN, os preços dos cartões de pagamento roubados em mercados da dark web aumentaram na maioria dos países. Embora a média global ainda esteja em torno de 8 $, alguns mercados testemunharam um aumento de até 444%. Portugal inverteu a tendência: os preços dos cartões de pagamento desceram 16%, de 11,07 $ para 9,26 $.
Muitos assumem que o cibercrime acontece só aos outros, mas os dados dos cartões de pagamento roubados mudam de mãos nestes mercados todos os dias. Raramente é apenas um número de cartão: os anúncios geralmente incluem nomes, moradas, e-mails e outros dados que ajudam os criminosos a obter aprovação nas verificações de fraude e passar-se por clientes reais.
“Mesmo com os preços a subir, os dados dos cartões continuam suficientemente baratos para criminosos iniciantes”, diz Adrianus Warmenhoven, especialista em cibersegurança na NordVPN.
“Nos grandes mercados, um único cartão roubado muitas vezes custa o preço de um bilhete de cinema. Os cartões são frequentemente vendidos em grandes quantidades, permanecem válidos por longos períodos e podem ser levantados localmente. Por isso, por alguns dólares, os criminosos escolhem entre uma noite de cinema ou uma rota aberta para fraudes, roubos de contas e dinheiro de outra pessoa.”
De 1 $ a 23 $: o que influencia os preços dos cartões na dark web
Em comparação com outros países, os americanos são os mais afetados pelos burlões de cartões de pagamento. Mais de 60% dos cartões de pagamento pertenciam a utilizadores norte-americanos. Singapura ocupa o segundo lugar, com cerca de 11%, e Espanha o terceiro, com cerca de 10%.
No entanto, a elevada prevalência não se traduz num preço baixo. Os cartões roubados dos EUA ficam perto do meio da tabela da dark web, em 11,51 $. Enquanto as listagens mais caras vêm do Japão por cerca de 23 $. Cartões do Cazaquistão, Guam e Moçambique custam cerca de 16 $. No fundo da tabela, os cartões da República do Congo, Barbados e Geórgia podem ser vendidos por cerca de 1 $.
Em toda a Europa, a maioria dos cartões gira em torno de 8 $. Espanha destaca-se como o país mais caro da UE com 11,68 $ , à frente de França com 11,07 $ e Portugal com 9,26 $. O Chipre está entre os mais baratos, a 1,78 $.
Motivo do aumento dos preços: oferta, procura e controlos antifraude mais rígidos
A nossa investigação mostra que, nos últimos dois anos, os preços dos dados roubados aumentaram significativamente. O maior aumento registou-se na Nova Zelândia (mais de 444%), seguida da Argentina (368%) e da Polónia (221%), enquanto França registou um aumento modesto de apenas 18%.
Os preços na dark web seguem principalmente a lógica simples da oferta e da procura. Os criminosos pagam mais por cartões de países onde a oferta é reduzida e os controlos antifraude são rigorosos, como no Japão. Em mercados com dados abundantes, como os EUA ou Espanha, os cartões são mais baratos e muitas vezes vendidos em conjunto, o que reduz o preço por cartão.
“A força da aplicação da lei e a estabilidade política também moldam o risco e o preço: onde ‘risco’ se refere ao grau de avanço dos emissores na deteção de fraudes e à rapidez com que atuam”, afirma Adrianus Warmenhoven. “Cartões com datas de validade mais longas têm um prémio: cerca de 87% dos cartões que observámos permanecem utilizáveis por mais de 12 meses, o que os torna mais fáceis de revender.”
“Carding”: como os criminosos transformam cartões roubados em dinheiro
Estão listados milhões de cartões na dark web, mas o dinheiro faz-se com o “cash-out”, um processo geralmente chamado de “carding”. Roubar ou comprar dados de cartões é apenas o começo. O truque está em validar, monetizar e lavar esses dados para que eles se transformem em lucro real.
O “carding” funciona como uma cadeia de fornecimento industrial. Diferentes atores desempenham papéis específicos: os “harvesters” (recoletores) recolhem ou roubam dados, os “validators” (validadores) executam bots que verificam milhares de cartões por hora e os “cash-outers” (extratores) convertem cartões validados em códigos de oferta, bens, criptomoedas ou numerário.
“O passo crucial no ‘carding’ é a validação”, diz Adrianus Warmenhoven. “Os cibercriminosos utilizam bots para executar pequenas cobranças de teste ou tentativas de autorização para ver que cartões funcionam. Às vezes, utilizam pequenos fornecedores de pagamento ou sites de comerciantes que controlam para espalhar tentativas e ocultar falhas. Uma vez validado, o cartão pode ser utilizado para levantar dinheiro em ATM, comprar cartões-presente ou vouchers, ou comprar viagens e alojamento que podem ser revendidos posteriormente. A monetização e a lavagem estão intimamente ligadas. São utilizadas várias etapas para ocultar a origem dos fundos.”
Dicas simples sobre como manter a segurança:
Adrianus Warmenhoven, da NordVPN, partilha uma série de medidas que as pessoas podem tomar para se protegerem:
● Verifique regularmente os extratos. Reveja a atividade do seu banco e cartão, pelo menos, uma vez por semana e ative alertas de transações em tempo real para detetar cobranças desconhecidas antecipadamente e contestá-las rapidamente.
● Use palavras-passe fortes. Proteja as contas com palavras-passe complexas e únicas, especialmente em lojas virtuais onde guarda dados pessoais, como a sua morada de residência e dados de pagamento.
● Não guarde palavras-passe e dados de pagamento no navegador. Se um malware infetar o seu computador, poderá aceder ao armazenamento local de palavras-passe do navegador e roubar informações de preenchimento automático, como palavras-passe, moradas e dados de cartões de pagamento.
● Ative a autenticação multifator (MFA). Adicione uma camada extra de segurança com códigos, dispositivos ou biometria.
● Verifique a dark web. Ferramentas como o Dark Web Monitor da NordVPN podem alertá-lo se forem encontradas informações associadas aos seus endereços de e-mail na dark web, enquanto o Dark Web Monitor Pro™ também lhe permite adicionar números de cartões de crédito para monitorização contínua e alertas imediatos.
Metodologia: a investigação foi realizada pela NordStellar, uma plataforma de gestão de exposição a ameaças criada pela equipa por trás da NordVPN. Os investigadores da NordStellar analisaram dados de cartões de pagamento roubados a serem vendidos em mercados da dark web. O conjunto de dados, recolhido em maio de 2025, incluiu um total de 50 705 registos de cartões.
Atenção: não se acedeu a nenhuns dados individuais de cartões de pagamento ou credenciais de utilizadores durante este estudo. Os investigadores analisaram apenas os metadados fornecidos em listagens de dados roubados em mercados da dark web.
SOBRE A NORDVPN
A NordVPN é o fornecedor de serviços de VPN mais avançado do mundo, merecendo a confiança de milhões de utilizadores em todo o mundo. O serviço oferece funcionalidades como IP dedicado, VPN dupla e servidores Onion Over VPN, que ajudam a melhorar a privacidade online com zero rastreamento. Uma das principais funcionalidades da NordVPN é a Proteção Contra Ameaças Pro™, uma ferramenta que bloqueia sites maliciosos, localizadores e anúncios, para além de analisar documentos transferidos em busca de malware. A NordVPN pertence à Nord Security, cujo produto mais recente é o Saily, uma aplicação de eSIM para viagens. Conhecida pela interface de utilizador intuitiva, a NordVPN oferece alguns dos preços mais competitivos do mercado e conta com 165 localizações em 127 países a nível mundial. Para obter mais informações, visite nordvpn.com.
